Pessoas com hipertensão que passam a deitar-se todos os dias em um horário regular podem reduzir de forma mensurável a pressão arterial, mesmo já fazendo uso de remédios. Um estudo conduzido em Oregon, nos Estados Unidos, mostrou que apenas duas semanas de regularização do horário de dormir levaram a uma queda média de 4 mmHg na pressão sistólica e 3 mmHg na diastólica, com reduções ainda maiores no período noturno.
O que mostrou o estudo
A pesquisa acompanhou adultos de meia-idade com diagnóstico de hipertensão, monitorando primeiro o padrão habitual de sono e, depois, orientando-os a escolher e manter um horário fixo para ir para a cama, sem tirar cochilos durante o dia. Os participantes não precisaram dormir mais ou menos horas, apenas reduzir a variação diária do horário de deitar, que caiu de cerca de 30 minutos para apenas 7 minutos entre uma noite e outra.
Com essa mudança simples, a pressão de 24 horas caiu, em média, 4 mmHg na máxima e 3 mmHg na mínima, resultado comparável ao obtido com prática regular de exercícios físicos ou redução de sal na dieta. À noite, a queda foi ainda mais expressiva, chegando a 5 mmHg na pressão sistólica e 4 mmHg na diastólica, o que pode reduzir o risco de eventos cardiovasculares em mais de 10%.
Ritmo biológico e risco de hipertensão
Os cientistas ressaltam que horários irregulares para dormir desorganizam o relógio biológico, o chamado ritmo circadiano, que regula tanto o ciclo sono–vigília quanto funções cardiovasculares como a variação natural da pressão ao longo do dia. Em condições saudáveis, a pressão arterial costuma cair durante o sono; quando essa queda não acontece de forma adequada, o risco de infarto e AVC aumenta.
Pesquisas em outros países, incluindo estudos europeus, apontam que problemas combinados de sono — como apneia e insônia — estão associados a maior chance de desenvolvimento de hipertensão, reforçando que não basta apenas “dormir muitas horas”, mas sim ter um sono de qualidade e em horários relativamente estáveis. Esse conjunto de evidências vem consolidando o sono regular como um pilar de prevenção cardiovascular, ao lado de alimentação equilibrada, controle de peso e prática de atividade física.
Complemento ao tratamento, não substituto
Os autores do estudo destacam que regularizar o horário de dormir é uma intervenção de baixo custo, baixo risco e fácil de implementar, que pode complementar o tratamento medicamentoso de pessoas com pressão alta. Ainda assim, reforçam que os resultados precisam ser confirmados em pesquisas maiores e que ajustes no sono não substituem o acompanhamento médico nem o uso de medicamentos prescritos.
Manter rotina com horário fixo para se deitar, reduzir estímulos como telas à noite e evitar cochilos longos ao longo do dia são medidas simples que ajudam a fortalecer o ritmo circadiano. Para quem tem hipertensão ou múltiplos fatores de risco cardiovasculares, essas mudanças podem representar um ganho adicional importante no controle da pressão e na redução do risco de eventos cardíacos.
Redação Portal Guavira

