sexta-feira, 27 junho, 2025
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Cirurgia simples, erro grave: a história de Júnior e a luta por justiça

O descaso que destruiu uma vida: o caso revoltante de erro médico em Campo Grande

O caso de Roberto de Avelar Júnior é um retrato cruel da negligência médica e da falta de responsabilidade que assola parte do sistema de saúde brasileiro. Um jovem de 30 anos, saudável, entrou caminhando no Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande, para uma cirurgia simples — a retirada de um pino no braço esquerdo — e saiu meses depois em estado neurovegetativo, sem respostas, sem assistência adequada e sem justiça.

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O que era para ser um procedimento rotineiro tornou-se um pesadelo para a família, que há três anos vive uma batalha silenciosa contra o descaso e a impunidade. Segundo o pai de Júnior, o vereador Beto Avelar (PP), o filho foi submetido a uma anestesia aplicada por um médico sem formação em anestesiologia, que sequer permaneceu na sala durante o procedimento — uma violação clara da resolução do Conselho Federal de Medicina.

As irregularidades não pararam por aí. Mesmo com Júnior apresentando bradicardia (batimentos cardíacos abaixo do mínimo recomendado para a cirurgia), o procedimento foi realizado sem a menor cautela. Após sofrer uma parada cardiorrespiratória, a intubação foi feita, mas a extubação — que deveria acontecer após 72 horas e sob rigorosa avaliação — foi realizada apenas duas horas depois, resultando em uma nova parada cardíaca. Para piorar, esse procedimento sequer foi registrado no relatório médico.

A sindicância hospitalar, em vez de reconhecer os erros gritantes, concluiu que a parada cardiorrespiratória foi um “acaso”, negando-se a fornecer à família os depoimentos dos envolvidos. Foi necessário recorrer à Justiça para acessar informações básicas — um claro sinal de falta de transparência.

O médico responsável, Antônio Rodrigues de Pontes Neto, foi indiciado por lesão corporal gravíssima, mas a Justiça desclassificou a conduta para lesão corporal culposa, empurrando o caso para o Juizado Criminal Especial. A sensação de impunidade é avassaladora. O hospital, em nota padrão, diz colaborar com a Justiça, mas a realidade vivida pela família é bem diferente: abandono, ausência de apoio psicológico e social, e um filho preso a um leito, sem voz, sem reação.

Enquanto o processo se arrasta, a dor é diária. Júnior, agora com 34 anos, vive em internação domiciliar, cercado pelo amor de seus pais — divorciados, mas unidos na luta. A mãe, Dabiana, emociona ao relatar a frieza institucional: “Quem deveria nos estender a mão nos virou as costas.”

Esse caso não é apenas sobre um erro médico. É sobre a falta de compromisso com a vida, a burocracia que protege os culpados e a sensação de que, em muitas instituições, a impunidade é a regra. Até quando famílias como a de Júnior continuarão sendo vítimas de um sistema que deveria salvar, mas que, em vez disso, destrói vidas?

Por AE – Redação Portal Guavira

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