Nos últimos cinco anos, o Pantanal apresentou um cenário devastador com incêndios que consumiram 5,9 milhões de hectares. Desse total, cerca de 1 milhão de hectares – equivalente a quase 18% da área queimada – está concentrado em apenas 33 fazendas, onde foram registrados pelo menos três grandes focos de fogo. Os dados foram apresentados pelo promotor Luciano Furtado Loubet, do Núcleo Ambiental do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que aponta a necessidade urgente de ações preventivas para conter a destruição do bioma.
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O levantamento, conduzido pelo MPMS, não sugere que os proprietários dessas fazendas sejam os responsáveis diretos pelos incêndios. “Muitos focos começam próximos a rios e estradas, sem evidências de que foram iniciados deliberadamente pelos donos das terras”, explica Loubet. O foco do órgão, segundo ele, é na prevenção: compreender as causas dos incêndios e orientar os produtores sobre o manejo adequado do fogo para evitar novas tragédias.
Fiscalização e desafios no terreno
Em 2023, o MPMS visitou 75 dos 147 pontos de identificação identificados no Pantanal, mas a logística é uma entrada. “Algumas áreas são de acesso extremamente difícil, o que limitam a fiscalização”, admite o promotor. Para enfrentar esse cenário, o programa Pantanal em Alerta , liderado pelo Ministério Público, combina esforços de prevenção e investigação, priorizando propriedades com histórico de queimadas e buscando rastrear a origem dos focos.
Os números alarmantes refletem a vulnerabilidade do Pantanal, um dos biomas mais ricos do planeta, que vem sofrendo com a intensificação de incêndios nos últimos anos. As 33 fazendas destacadas no estudo representam um ponto crítico para a implementação de medidas que possam reverter o ciclo de destruição.
Seminário debate soluções
Luciano Loubet liderou os dados ao 1º Seminário Internacional de Manejo Integrado do Fogo no Pantanal, realizado em Campo Grande. Durante o evento, ele chamou a atenção para a gravidade da situação ambiental na região, relembrando sua infância em Porto Murtinho e os relatos que reuniram sobre o assoreamento dos rios Taquari e Perdido. “Esses impactos, como o assoreamento e os incêndios, são sinais claros de que precisamos agir rápido para proteger o Pantanal”, alertou.
O seminário reuniu especialistas, autoridades e produtores para discutir estratégias de manejo do fogo, com ênfase em práticas sustentáveis que equilibram a atividade agropecuária com a preservação ambiental. Para Loubet, a solução passa por um esforço conjunto: “Não basta punir; é preciso educar e prevenir, envolvendo todos os pacientes que vivem e dependem desse bioma.”
Um chamado à ação
O trabalho do MPMS e do programa Pantanal em Alerta segue como um farol de esperança em meio aos desafios. Identificar as causas, fiscalizar áreas críticas e engajar as empresas rurais são passos fundamentais para evitar que o Pantanal continue em chamas. Enquanto as chamadas do passado ainda deixam marcas, o futuro do bioma depende de medidas concretas no presente – e o alerta já foi dado.
Por Andre Estoduto – Redação Portal Guavira