A Polícia Militar Rodoviária do Estado de Mato Grosso do Sul (PMR-MS) demonstrou profissionalismo e comprometimento com a segurança pública durante os bloqueios realizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em rodovias do estado nesta segunda-feira (28). As interdições, motivadas pelo despejo de 270 famílias do acampamento Olga Benário, em Dourados, no domingo (27), afetaram trechos estratégicos, como a BR-060, que liga Campo Grande a Sidrolândia, além de pontos na MS-162 e BR-267. Graças à atuação ágil e mediadora da PMR-MS, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a ordem foi mantida, e os impactos no tráfego foram minimizados.
Atuação Exemplar da PMR-MS
Os bloqueios começaram na madrugada, com cerca de 600 manifestantes do MST interditando a BR-060 próximo ao trevo do Capão Seco, em Sidrolândia, além de trechos da MS-162, entre Sidrolândia e Maracaju, e da BR-267, próximo a Dois Irmãos do Buriti. A PMR-MS esteve presente desde o início das manifestações, às 5h, coordenando esforços para garantir a segurança de motoristas e manifestantes. A corporação implementou um sistema de “pare e siga” em intervalos regulares, negociado com as lideranças do MST, que permitiu a passagem alternada de veículos e aliviou congestionamentos que chegaram a 15 quilômetros na BR-060.
A PMR-MS também assegurou a liberação imediata de veículos de emergência, como ambulâncias e viaturas de segurança pública, garantindo que serviços essenciais não fossem interrompidos. “Nossa prioridade foi manter a segurança de todos, respeitando o direito à manifestação e minimizando os transtornos à população”, declarou o comandante da PMR-MS, Coronel Wilmar Fernandes, em nota oficial. A atuação da PMR-MS foi elogiada por motoristas, como o caminhoneiro José Ferreira, que destacou a organização proporcionada pela presença policial: “Sem a polícia, a situação teria sido muito pior.”
Contexto das Manifestações
As interdições fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, conhecida como “Abril Vermelho”, e foram desencadeadas pelo despejo de 270 famílias do acampamento Olga Benário, em Dourados, autorizado judicialmente no domingo (27). O MST reivindica a criação de novos assentamentos e a regularização de áreas como a da Usina Santa Olinda, em Sidrolândia, que acumula uma dívida fiscal de cerca de R$ 300 milhões. Segundo Claudinei Barbosa, coordenador estadual do MST, as manifestações buscam pressionar o governo federal por respostas concretas para as famílias acampadas.
Embora as reivindicações do MST reflitam demandas históricas por reforma agrária, os bloqueios causaram transtornos, como cancelamento de consultas médicas, aulas e entregas de cargas. A PMR-MS, ciente do impacto na população, manteve uma postura de neutralidade, priorizando o diálogo para evitar conflitos e garantir a segurança em todos os pontos de interdição.
Impacto na População e Resposta das Autoridades
Os bloqueios geraram filas extensas, afetando diretamente a rotina de trabalhadores e moradores. A estudante Mariana Lopes, de 22 anos, relatou ter perdido uma prova em Campo Grande devido ao congestionamento na BR-060, mas reconheceu o papel da PMR-MS em organizar o tráfego. “Foi difícil, mas a polícia ajudou a liberar a passagem em alguns momentos”, afirmou. A PMR-MS também trabalhou em conjunto com a PRF para monitorar os pontos de interdição e garantir a liberação gradual das vias.
O superintendente do Incra-MS, Paulo Roberto da Silva, informou que o órgão está em diálogo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para atender às demandas do MST, incluindo a destinação de novas áreas para assentamentos. O governador Eduardo Riedel (PSDB) reforçou a importância da atuação da PMR-MS, destacando que “a corporação demonstrou competência ao equilibrar o direito à manifestação com a garantia da ordem pública”.
Compromisso da PMR-MS com a Segurança
A atuação da PMR-MS nos bloqueios reforça seu papel como referência em segurança rodoviária no Mato Grosso do Sul. A corporação, que investe em treinamentos específicos para lidar com manifestações e conflitos fundiários, seguiu protocolos do Ministério da Justiça, priorizando a cidadania e os direitos humanos. Diferentemente do despejo em Dourados, criticado pelo MST como “truculento”, as ações da PMR-MS nas rodovias não registraram incidentes violentos, consolidando sua abordagem ética e profissional.
Reforma Agrária e Perspectivas
Os protestos do MST evidenciam a tensão persistente em torno da reforma agrária no Mato Grosso do Sul, onde cerca de 40 mil famílias aguardam a regularização de terras, segundo o Incra. Enquanto as negociações entre o movimento e o governo federal não avançam, a PMR-MS continua desempenhando um papel crucial na manutenção da ordem e na mediação de conflitos, garantindo que manifestações ocorram de forma segura e com o menor impacto possível na população.
Por Andre Estoduto – Redação Portal Guavira