sexta-feira, 27 junho, 2025
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1º de Maio de 2025: Uma reflexão sobre o Dia do Trabalhador em tempos de transformação

Celebrado em mais de 80 países, o 1º de maio, Dia do Trabalhador, é mais do que um feriado: é um momento de reflexão sobre as conquistas, os desafios e o futuro do trabalho. Em Mato Grosso do Sul, onde o agronegócio emprega 25% da força de trabalho e responde por 30% do PIB, segundo a Famasul, a data ganha contornos especiais. Entre avanços tecnológicos, como o uso de drones na agricultura, e questões estruturais, como a baixa conectividade rural – apenas 60% das propriedades têm internet –, o trabalhador sul-mato-grossense vive um momento de transformação que exige equilíbrio entre tradição e inovação.

Origens e Significado

O Dia do Trabalhador tem raízes no final do século XIX, quando, em 1886, trabalhadores de Chicago, nos Estados Unidos, iniciaram uma greve por melhores condições de trabalho, culminando no evento conhecido como a Revolta de Haymarket. A luta por uma jornada de 8 horas diárias tornou-se um marco global, oficializado como data comemorativa em 1889 pela Segunda Internacional Socialista. No Brasil, o 1º de maio foi instituído como feriado em 1924, durante o governo de Artur Bernardes, e desde então simboliza a valorização do trabalhador e suas conquistas, como a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criada em 1943.

Em 2025, o significado da data se renova. Em um mundo pós-pandemia, com a inteligência artificial (IA) e a automação redefinindo profissões, o trabalhador enfrenta novos desafios. Em Mato Grosso do Sul, onde o agronegócio é o motor econômico, a mecanização e a tecnologia, como os drones do programa Drones SP, lançado na Agrishow 2024, aumentam a produtividade, mas também exigem novas habilidades. “O trabalhador rural de hoje precisa entender de tecnologia, de sustentabilidade e até de logística,” aponta Hamilton Ramos, do Centro de Engenharia e Automação (CEA-IAC).

O Trabalho no Agronegócio Sul-Mato-Grossense

Mato Grosso do Sul, com sua safra de soja de 12 milhões de toneladas em 2024/25 (IBGE) e liderança na exportação de carne bovina, é um celeiro de oportunidades e desafios para o trabalhador. A mecanização, como o uso de drones para pulverização, reduz a exposição a defensivos agrícolas e aumenta a eficiência – uma economia de até 60% em insumos, segundo o IAC. No entanto, a adoção de tecnologia também traz preocupações. A baixa conectividade rural – 40% das propriedades sem internet, conforme a Famasul – limita o acesso a treinamentos e ferramentas digitais, criando uma barreira para a capacitação.

Na pecuária, a energia solar, adotada por 70% dos produtores integrados de frango da Seara, reduz custos e atrai jovens para o setor, mas a alta nos custos de ração, com milho a R$ 88,50 por saca e soja a R$ 171,00, pressiona as margens de lucro, segundo cotações do Cepea. “O trabalhador do campo hoje é um gestor. Ele precisa calcular custos, prever o clima e lidar com mercados globais,” destaca um produtor de Dourados ouvido pelo Notícias Agrícolas.

Desafios e Conquistas do Trabalhador Brasileiro

O trabalhador brasileiro conquistou avanços significativos ao longo das décadas. A formalização do trabalho rural, com a extensão de direitos como o 13º salário e férias, foi um marco na década de 1980. Hoje, programas como o CNH MS Social, lançado em 2021, ajudam pessoas em vulnerabilidade social a obterem habilitação gratuita, abrindo portas para empregos no transporte, essencial em um estado como Mato Grosso do Sul, onde a BR-163 é a espinha dorsal da logística.

No entanto, os desafios persistem. A informalidade ainda afeta 38% dos trabalhadores brasileiros, segundo o IBGE, e em Mato Grosso do Sul, a dependência do agronegócio expõe os trabalhadores a riscos climáticos e volatilidades de mercado. Chuvas intensas, como os 286 mm acumulados em Campo Grande em abril, 353% acima da média (Climatempo), beneficiam lavouras, mas alagamentos dificultam o transporte e impactam a renda de quem depende da logística.

A automação, tema central em 2025, também preocupa. Um estudo da McKinsey de 2023 estimou que até 2030, 15% dos empregos agrícolas no Brasil podem ser afetados pela IA e pela mecanização. Em contrapartida, a mesma tecnologia cria novas funções: operadores de drones, analistas de dados agrícolas e técnicos em energia solar são profissões emergentes em Mato Grosso do Sul.

O Futuro do Trabalho

O 1º de maio de 2025 é uma oportunidade para olhar para o futuro. Em Mato Grosso do Sul, a capacitação é essencial para que o trabalhador acompanhe as transformações. Iniciativas como a parceria entre o CEA-IAC e a Coopercitrus Credicitrus, que promove o uso responsável de drones, são passos na direção certa, mas precisam ser ampliadas. Investir em conectividade rural – hoje um gargalo, com apenas 265 mil hectares irrigados dos 4,7 milhões cultiváveis, segundo o Ministério da Agricultura – é igualmente crucial para democratizar o acesso à tecnologia.

A sustentabilidade também ganha espaço. A rastreabilidade blockchain, adotada por empresas como a JBS, agrega valor às exportações de carne, mas exige que os trabalhadores rurais entendam cadeias globais de suprimentos. “O trabalhador de hoje precisa ser um agente da sustentabilidade, cuidando do solo, da água e do impacto ambiental,” afirma um técnico da Embrapa em Campo Grande.

Uma Celebração com Reflexão

Neste 1º de maio, enquanto o sol brilha em Campo Grande com temperaturas de 22°C a 31°C, segundo o Cemtec, e chuvas leves atingem Dourados, o trabalhador de Mato Grosso do Sul tem motivos para celebrar: a força do agronegócio, que sustenta a economia, e as conquistas históricas que garantem direitos. Mas a data também é um convite à reflexão. Em um mundo em transformação, o futuro do trabalho exige adaptação, capacitação e políticas públicas que priorizem o trabalhador.

Para os sul-mato-grossenses, o Dia do Trabalhador é um lembrete de sua resiliência. Seja no campo, enfrentando chuvas e mercados voláteis, seja nas cidades, buscando novas oportunidades, o trabalhador de Mato Grosso do Sul é a espinha dorsal de um estado que alimenta o Brasil e o mundo. Que este 1º de maio inspire não apenas a celebração, mas também o compromisso com um futuro mais justo e sustentável para todos.

Por Andre Estoduto – Redação Portal Guavira

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