Em um marco histórico para a medicina, cientistas chineses do Hospital Shanghai Changzheng anunciaram a cura de um paciente com diabetes tipo 2 por meio de um transplante experimental de células-tronco. O procedimento, publicado na revista científica Cell Discovery em 30 de abril de 2024, representa o primeiro caso documentado de cura da doença utilizando ilhotas pancreáticas derivadas de células-tronco autólogas, oferecendo uma nova esperança para milhões de pessoas que convivem com a condição em todo o mundo.
O paciente, um homem de 59 anos que enfrentava a diabetes tipo 2 há 25 anos, havia perdido quase toda a função das ilhotas pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, e dependia de múltiplas injeções diárias do hormônio para evitar complicações graves. Em julho de 2021, ele foi submetido ao transplante inovador, que envolveu a coleta de suas próprias células mononucleares do sangue periférico. Essas células foram reprogramadas em laboratório para se tornarem células-tronco pluripotentes induzidas, que, em seguida, foram diferenciadas em ilhotas pancreáticas artificiais. Após o transplante, as novas ilhotas restauraram a capacidade do corpo de produzir insulina naturalmente.
Apenas 11 semanas após o procedimento, o paciente não precisou mais de insulina externa, e, dentro de um ano, também suspendeu completamente os medicamentos orais para controle da glicemia. Até o momento, ele permanece sem necessidade de insulina há 33 meses, com exames de acompanhamento indicando que sua função pancreática foi efetivamente restaurada. “Nosso tecnologia amadureceu e expandiu as fronteiras da medicina regenerativa no tratamento da diabetes”, declarou Yin Hao, pesquisador líder do estudo e diretor do Centro de Transplantes de Órgãos do hospital.
O avanço, resultado de mais de uma década de pesquisas conduzidas em parceria com o Centro de Excelência em Ciência Molecular Celular da Academia Chinesa de Ciências e o Hospital Renji, pode revolucionar o tratamento da diabetes, especialmente em países como a China, que abriga cerca de 140 milhões de pessoas com a doença, segundo a Federação Internacional de Diabetes. A técnica elimina a necessidade de doadores de pâncreas, um dos principais obstáculos para os transplantes tradicionais de ilhotas, e reduz o risco de rejeição, já que utiliza células do próprio paciente.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam que o sucesso em um único caso precisa ser replicado em ensaios clínicos mais amplos para confirmar a eficácia e a segurança do método. Timothy Kieffer, professor da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, que não participou do estudo, comentou: “Este estudo representa um avanço importante na terapia celular para a diabetes, mas ainda há um longo caminho antes que o tratamento possa ser amplamente disponibilizado.”
O feito chinês reacende a esperança de uma cura definitiva para a diabetes, mas também levanta questões sobre a escalabilidade da técnica e os custos associados. Enquanto mais pesquisas são realizadas, a comunidade científica global acompanha de perto os próximos passos dessa promissora abordagem.
Fonte: https://www.geneonline.com/shanghai-doctors-cure-diabetes-with-stem-cell-therapy/
Redação Portal Guavira