Com a tarifa de 50% prestes a entrar em vigor na sexta-feira, 01/08, os senadores brasileiros iniciaram nesta terça, 29/07, a etapa mais sensível da missão oficial aos Estados Unidos. O grupo teve, desde o inicio da manhã, reuniões fechadas com parlamentares americanos, em tentativa de retomar o diálogo político entre os dois países e reforçar a posição institucional do Brasil diante da medida anunciada por Donald Trump.
As reuniões com congressistas americanos – que incluem democratas e republicanos – foram restritas aos parlamentares. As primeiras foram com os senadores democratas Ed Markey e Martin Heinrich. Ambos prometeram apoiar a reivindicação brasileira de adiar o tarifaço e excluir produtos da lista.
À tarde, foi a vez dos republicanos, partido de Donald Trump. A comissão encontrou o republicano Thomas Tillis e pretendia ainda conversar com Lindsey Graham, próximo ao presidente americano. “Temos boas expectativas com esses contatos”, disse a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que é vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado.
A comitiva liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE, tem apostado no peso simbólico e diplomático da visita para mobilizar apoio no Congresso americano e no setor privado. A tarifa, que atinge diretamente exportações brasileiras de produtos como aço, alumínio, alimentos e manufaturados, pode gerar prejuízos de até R$ 175 bilhões em dez anos, segundo estimativas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
“ O Senado está agindo diplomaticamente para reconstruir pontes entre Brasil e Estados Unidos. Nossa missão é abrir caminhos para o diálogo e tentar evitar que tarifas injustas recaiam sobre quem trabalha e produz”, avaliou a senadora Tereza Cristina.
“Sabemos que não cabe ao Legislativo negociar tarifas, mas estamos fazendo a nossa parte. Hoje (ontem) nos encontramos com empresários brasileiros e americanos numa verdadeira força-tarefa pelo nosso país. Acreditamos que nenhuma ideologia pode falar mais alto que o bom senso e o compromisso com o bem-estar de brasileiros e americanos”, disse Tereza Cristina, após reunião, na segunda, 28/07, com membros da U.S. Chamber of Commerce, maior organização empresarial do mundo, que representa milhões de empresas de todos os setores da economia norte-americana.
Na ocasião, os senadores articularam apoio a uma manifestação conjunta da Câmara de Comércio americana pedindo ao governo dos EUA o adiamento da tarifa. A justificativa é que a medida afeta a previsibilidade de empresas, inclusive americanas, e coloca em risco cadeias produtivas inteiras – em especial nos setores de alimentos e perecíveis.
Empresários dos EUA devem pressionar por adiamento de tarifas
Participaram da reunião representantes da U.S. Chamber of Commerce e de gigantes empresariais norte-americanas, como Cargill, Caterpillar, ExxonMobil, Shell, Dow Chemical, Merck, S&P Global, Johnson & Johnson, IBM, DHL, Kimberly-Clark, entre outras. O encontro, articulado pelo Brazil-U.S. Business Council, também contou com a presença da embaixadora Maria Luiza Viotti e integrantes da missão diplomática brasileira.
Durante a reunião, empresários defenderam gestos concretos do Brasil e citaram como exemplo o acordo recente entre EUA e União Europeia. “O Brasil precisa mostrar que é insubstituível em cadeias produtivas críticas, como alimentos, energia e componentes industriais”, afirmou um dos executivos. A avaliação predominante foi a de que complementaridade econômica e pragmatismo diplomático são o melhor caminho para evitar perdas bilaterais.
A ideia é pressionar pela postergação da medida enquanto se constroem alternativas técnicas e diplomáticas. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) revelou que também foi solicitado à Câmara de Comércio que intermedeie uma conversa entre os presidentes dos EUA e Brasil, com vistas à retomada do diálogo político de alto nível entre os países.
Telefonema de Lula
“O tempo corre, e enquanto o presidente Lula se recusa a se aproximar do presidente Trump, nós, como representantes responsáveis do povo, fazemos o possível — e o impossível — nos Estados Unidos para defender os interesses do nosso país”, acrescentou a senadora, na segunda-feira.
Além dos sul-mato-grossenses Nelsinho Trad e Tereza Cristina, integram a missão os senadores Jaques Wagner (PT-BA), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Carvalho (PT-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Fernando Farias (MDB-AL) e Esperidião Amin (PP-SC). A missão foi aprovada por unanimidade no plenário do Senado.
Nesta quarta-feira, 30/07, último dia da missão, os parlamentares se reúnem ainda com representantes da Americas Society / Council of the Americas, entidade que reúne lideranças da sociedade civil e do setor empresarial com foco no fortalecimento das relações interamericanas.
Redação Portal Guavira