Um levantamento internacional com 17.009 mulheres de 20 países identificou associação entre ciclos menstruais irregulares e maior prevalência de acne, melasma, rosácea, dermatite seborreica, além de queixas como ressecamento, sensibilidade e manchas na pele, em comparação a participantes com ciclos regulares. Os autores indicam que oscilações hormonais ao longo do ciclo influenciam diretamente a saúde cutânea, elevando tanto diagnósticos médicos dessas dermatoses quanto relatos de desconfortos e alterações visíveis na pele.
O que diz o estudo
Publicado no British Journal of Dermatology, o estudo reuniu mulheres entre 18 e 55 anos, excluindo gestantes, puérperas e mulheres em transição menopausal, e comparou a prevalência de condições dermatológicas entre grupos com menstruação regular e irregular, encontrando maior taxa de diagnósticos e de sensibilidade cutânea no grupo com irregularidade (diferenças estatisticamente significativas). A comunicação institucional destaca aumento aproximado de 5 pontos percentuais em acne, rosácea, dermatite seborreica e melasma entre mulheres com ciclos irregulares e maior percepção de pele sensível (57,6% vs. 47,6%) nesse grupo.
Por que acontece
As variações hormonais — especialmente nos eixos estrogênio, progesterona e andrógenos — modulam produção de sebo, barreira cutânea e inflamação, podendo agravar quadros como acne e rosácea e influenciar hiperpigmentações como o melasma ao longo do ciclo. O estudo sugere que a irregularidade menstrual pode sinalizar desequilíbrios endócrinos subjacentes, o que justificaria maior atenção clínica na abordagem combinada entre ginecologia e dermatologia.
O que recomendam especialistas
Dermatologistas e entidades científicas ressaltam que o acompanhamento médico e ajustes personalizados na rotina de cuidados — incluindo controle de oleosidade, fotoproteção rigorosa e manejo anti-inflamatório — ajudam a atenuar os efeitos das flutuações hormonais na pele. Em casos selecionados, terapias hormonais, antiandrógenos e abordagens tópicas direcionadas podem ser consideradas, sempre com avaliação individualizada e monitoramento de risco-benefício.
Limitações e próximos passos
A pesquisa não avaliou dados específicos de condições como síndrome dos ovários policísticos (SOP), que poderia atuar como fator de confusão relevante, e utilizou autorrelato em parte das variáveis, o que exige cautela na interpretação. Ainda assim, os resultados indicam a necessidade de estudos prospectivos e intervenções controladas para elucidar mecanismos hormonais e guiar estratégias terapêuticas mais precisas.