O presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (Adepol/MS), delegado André Matsushita, foi o entrevistado desta terça-feira (30) no programa Tribuna Livre, da FM Capital 95. Com 36 anos de experiência na Polícia Civil, Matsushita trouxe uma reflexão contundente sobre saúde mental, valorização das forças de segurança e o papel da sociedade no combate ao crime organizado.
Durante a entrevista, o delegado lembrou que os policiais lidam diariamente com as dores mais profundas da sociedade: homicídios, abusos, acidentes e tragédias familiares. Situações que exigem equilíbrio emocional, mas que também deixam marcas. Para enfrentar esse desafio, Matsushita destacou a criação da Diretoria de Apoio Biopsicossocial na Adepol, que oferece suporte psicológico a delegados e familiares.
“É impossível vivenciar o sofrimento humano sem ser afetado. Criamos uma estrutura de acolhimento para garantir que nossos profissionais e suas famílias tenham respaldo diante das pressões da carreira”, afirmou.
Contra a “policiafobia”
Matsushita criticou a visão deturpada da polícia em parte da mídia e na sociedade, que retrata policiais como violentos ou corruptos, ignorando o trabalho incansável de proteção à população. O delegado classificou esse fenômeno como “policiafobia” e fez um apelo pela valorização das forças de segurança.
“Vivemos em um país onde, muitas vezes, a sociedade não gosta da sua polícia. Isso mina a autoestima dos profissionais que arriscam a vida todos os dias para proteger o cidadão de bem. É preciso levantar a bandeira contra a policiafobia e defender quem nos defende”, enfatizou.
Progresso e segurança caminham juntos
O delegado também alertou para os impactos da expansão da Rota Bioceânica, que trará desenvolvimento, mas também exigirá preparo redobrado contra o crime organizado. Segundo ele, facções como o PCC já atuam em caráter transnacional, e apenas a integração das forças de segurança — estaduais e federais — garantirá que Mato Grosso do Sul não perca o controle de seu território.
Avanços e desafios
Comparando com o início de sua carreira, Matsushita destacou os avanços tecnológicos e estruturais na segurança pública, como viaturas modernas, sistemas informatizados e maior integração entre instituições. Contudo, reforçou a necessidade urgente de ampliar o efetivo policial para enfrentar a criminalidade crescente.
“Temos uma polícia melhor equipada e preparada, mas precisamos de mais homens e mulheres na linha de frente. Concursos estão em andamento, e essa é a prioridade para garantir que continuemos dominando o nosso território”, pontuou.
Ao final, o delegado reforçou o compromisso da Adepol em defender prerrogativas, apoiar seus membros e enfrentar qualquer ataque contra a categoria. “Nós não atacamos, mas contra-atacamos. Defender a polícia é defender a sociedade”, concluiu.
