A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um novo alerta global sobre o avanço preocupante da resistência a antibióticos. De acordo com o relatório divulgado nesta semana, uma em cada seis infecções bacterianas confirmadas em laboratório é resistente a tratamentos existentes, o que representa um aumento de cerca de 40% nas amostras monitoradas entre 2016 e 2023, com dados de mais de 100 países.
A resistência bacteriana, causada principalmente pelo uso excessivo e inadequado de antibióticos em humanos, animais e na agricultura, já é responsável por mais de 1 milhão de mortes anuais em todo o mundo. A OMS adverte que, se nada for feito, o fenômeno pode neutralizar avanços importantes da medicina moderna, comprometendo tratamentos básicos e cirurgias de rotina.
As regiões mais afetadas são o sul da Ásia e o Oriente Médio, onde uma em cada três infecções já apresenta resistência antimicrobiana significativa. Na África, o cenário é ainda mais grave: em alguns casos, bactérias causadoras de sepse e infecções na corrente sanguínea mostram resistência superior a 70% aos tratamentos de primeira escolha. Já nas Américas, o índice é de uma em cada sete infecções — um número mais baixo, mas ainda preocupante, segundo o levantamento.
O estudo aponta que a resistência está disseminada entre oito patógenos principais, incluindo Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Salmonella spp., Staphylococcus aureus e Streptococcus pneumoniae. Esses microrganismos já não respondem a antibióticos considerados essenciais em infecções urinárias, gastrointestinais, respiratórias e da corrente sanguínea.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou que “a resistência antimicrobiana está avançando mais rápido do que os progressos da medicina moderna”. Ele defendeu ações urgentes, como o uso racional de antibióticos, o fortalecimento dos sistemas de vigilância, o investimento em diagnósticos rápidos, vacinas e na pesquisa de novos medicamentos.
Além do impacto humano, a resistência ameaça a economia global e a segurança alimentar, ao reduzir a eficácia de antibióticos usados na pecuária e agricultura. Especialistas alertam que o combate à resistência depende de uma ação coordenada envolvendo saúde humana, animal e ambiental, num modelo conhecido como Saúde Única (One Health).
O avanço das “superbactérias” exige, segundo a OMS, uma mudança cultural profunda — onde o uso consciente de antibióticos se torne uma questão de responsabilidade coletiva tanto dos profissionais de saúde quanto dos cidadãos.
Redação Portal Guavira

