sábado, 16 agosto, 2025
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A Ciência do Burnout: por que os trabalhadores brasileiros estão tão esgotados?

Em um mundo acelerado, a síndrome do burnout, ou estresse crônico, tornou-se uma realidade preocupante, afetando 32% dos trabalhadores brasileiros, segundo dados recentes. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2019 como um problema de saúde ocupacional, essa condição vai além do cansaço comum, caracterizando-se por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Apesar do avanço no reconhecimento, o diagnóstico permanece desafiador, e especialistas alertam que o autocuidado, por si só, não é suficiente para combater essa verdadeira epidemia de esgotamento.

O burnout surge de uma combinação de fatores, como jornadas de trabalho prolongadas, pressão por resultados e falta de suporte no ambiente laboral. Estudos indicam que o Brasil, com sua cultura de dedicação excessiva e instabilidade econômica, cria um terreno fértil para a síndrome. “Não é apenas sobre trabalhar muito, mas sobre como o trabalho consome a identidade pessoal”, explica a psicóloga Mariana Souza. A pandemia intensificou o problema, com o home office misturando limites entre vida profissional e pessoal, ampliando a exposição ao estresse contínuo.

Diferente de um simples esgotamento físico, o burnout afeta a saúde mental e física, levando a insônia, ansiedade e até doenças cardiovasculares. A OMS o define como resultado de “estresse crônico no trabalho não gerenciado”, mas o diagnóstico enfrenta barreiras: muitos confundem os sintomas com fadiga comum, e a falta de conscientização entre empregadores dificulta a identificação precoce. “Muitas empresas ainda veem isso como falta de resiliência, não como um alerta de saúde”, aponta Souza.

O autocuidado como meditação ou pausas curtas, ajuda a aliviar sintomas, mas não resolve as causas estruturais. Especialistas defendem mudanças organizacionais, como redução de cargas horárias e apoio psicológico, como soluções mais eficazes. No Brasil, onde a informalidade e a pressão por produtividade são altas, políticas públicas e corporativas urgentes são essenciais. “É uma questão de saúde pública que exige ação coletiva”, reforça a psicóloga.

Com 32% dos trabalhadores afetados, o burnout reflete um grito silencioso por equilíbrio. A sociedade, empresas e indivíduos precisam agir juntos para transformar esse cenário, antes que o esgotamento se torne irreversível. A pergunta permanece: até quando ignoraremos os sinais de um sistema que cansa demais?

Redação Portal Guavira

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