As cotações do agronegócio em Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (29) mostram um cenário de contrastes, com a soja sustentando sua valorização e o milho enfrentando pressões de baixa devido à oferta abundante da safrinha 2024/25. Baseado em dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e do portal Notícias Agrícolas, o mercado reflete a força das exportações e os desafios climáticos, com chuvas isoladas de até 6 mm previstas para Dourados, segundo o Cemtec-MS, podendo impactar a logística.
Contexto do Mercado Agropecuário
Mato Grosso do Sul, que responde por 6,8% da produção nacional de grãos e é o quinto maior estado em abate de bovinos (IBGE), segue como um dos pilares do agronegócio brasileiro. A soja mantém sua trajetória de alta, impulsionada pela demanda chinesa, que aumentou 28% suas importações do Brasil em 2025, conforme o Cepea. O frango e os suínos continuam valorizados, beneficiados por exportações para mercados árabes, como a Arábia Saudita, que se aproximam de US$ 1 bilhão, segundo a Agrimídia. No entanto, o milho enfrenta pressão de baixa devido à oferta elevada da safrinha, enquanto o gado registra leve alta pela demanda doméstica.
As chuvas de abril, que acumularam 286 mm em Campo Grande até o dia 28 (Climatempo), trouxeram benefícios às lavouras, mas também desafios logísticos, especialmente na BR-163, elevando custos de transporte. Na pecuária, os custos de ração, impactados pelo milho e pela soja, continuam a pressionar, embora a adoção de energia solar por 70% dos produtores integrados de frango da Seara, conforme a Agrimídia, ajude a mitigar despesas.
As cotações a seguir são estimativas baseadas em tendências ajustadas para o mercado sul-mato-grossense, considerando variações diárias e regionais.
Tabela de Cotações – 29 de Abril de 2025
Commodity | Unidade | Cotação (R$) | Variação (em relação a 28/04/2025) | Observações |
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Soja | Saca de 60 kg | 170,00 | +0,3% | Demanda chinesa e dólar a R$ 5,67 sustentam alta. |
Milho | Saca de 60 kg | 89,50 | -0,6% | Pressão de oferta da safrinha 2024/25 persiste. |
Sorgo | Saca de 60 kg | 82,50 | -0,6% | Demanda interna limitada mantém estabilidade. |
Gado (Boi Gordo) | Arroba (15 kg) | 235,00 | +0,4% | Demanda doméstica e exportações à China impulsionam. |
Frango (Vivo) | Kg | 8,40 | +1,2% | Exportações aos países árabes continuam firmes. |
Ovos (Comercial) | Dúzia | 9,00 | +1,1% | Consumo interno sustenta leve valorização. |
Suínos (Vivo) | Kg | 10,20 | +1,0% | Crescimento por exportações à Arábia Saudita. |
Fontes: Cepea-Esalq/USP, Famasul (Granos Corretora), Notícias Agrícolas.
Soja
A soja registra R$ 170,00 por saca de 60 kg, com alta de 0,3%, beneficiada pelo dólar a R$ 5,67 e pela demanda chinesa, segundo o Canal Rural. Em Dourados, preços chegaram a R$ 172,50 em algumas praças, refletindo a força da safra 2024/25, estimada em 12 milhões de toneladas no estado (IBGE).
Milho
O milho segue em queda, cotado a R$ 89,50 por saca, com recuo de 0,6%. A oferta robusta da safrinha 2024/25, com alta produtividade em regiões como Amambai (Famasul), continua a pressionar os preços, apesar das chuvas beneficiando as lavouras.
Sorgo
O sorgo, a R$ 82,50 por saca, mantém estabilidade com variação negativa de 0,6%. A produção nacional para 2025 é projetada em 4,1 milhões de toneladas, uma queda de 5,8% em relação a 2023 (IBGE), devido à menor preferência frente à soja e ao milho.
Gado (Boi Gordo)
O boi gordo sobe para R$ 235,00 por arroba, com alta de 0,4%, impulsionada pela demanda doméstica e exportações à China, que absorvem 50% do volume exportado por MS (Notícias Agrícolas). Pastagens beneficiadas pelas chuvas sustentam a oferta.
Frango
O frango vivo atinge R$ 8,40 por kg, com alta de 1,2%, sustentado por exportações aos países árabes e demanda interna. A energia solar, adotada por 70% dos produtores integrados da Seara, reduz custos e mantém preços competitivos, conforme a Agrimídia.
Ovos
Os ovos comerciais, a R$ 9,00 por dúzia, sobem 1,1%. O consumo interno aquecido, especialmente em Campo Grande, sustenta os preços, mas a oferta equilibrada limita ganhos maiores, segundo o Cepea.
Suínos
Os suínos vivos, a R$ 10,20 por kg, valorizam 1,0%, beneficiados pelas exportações à Arábia Saudita. A Lar Cooperativa, em Maracaju, destaca a eficiência na produção de ração (98 mil toneladas/mês) como fator de competitividade.
Impactos na Economia Local
O agronegócio, que responde por 30% do PIB de Mato Grosso do Sul (Famasul), sente os efeitos das condições climáticas e do mercado global. As chuvas isoladas previstas para o dia 29, com até 6 mm em Dourados, podem agravar os custos logísticos, impactando o transporte de soja e milho para portos como Santos. Na pecuária, os custos de ração seguem como desafio, mas tecnologias como energia solar ajudam a aliviar as despesas.
A valorização do dólar a R$ 5,67 beneficia as exportações, mas pressiona os custos de insumos importados, como fertilizantes, que subiram 18,2% a 30% em relação a 2024, conforme o Imea. Produtores devem monitorar os mercados de Chicago (CBOT) e Paranaguá para antecipar volatilidades.
Dica de Investimento
A suinocultura apresenta potencial de retorno em 2025. Com os suínos vivos valorizando 1,0% e exportações à Arábia Saudita em alta, investir em suinocultura integrada, como os modelos da Lar Cooperativa, pode ser uma boa escolha. A adoção de tecnologias de manejo e o uso eficiente de ração, que representa 98 mil toneladas/mês na Lar, podem maximizar lucros. Contudo, é crucial monitorar os custos de milho e farelo de soja, além das condições climáticas, que afetam a logística. Acompanhar cotações diárias em plataformas como Cepea e Notícias Agrícolas é essencial antes de investir.
Perspectivas Futuras
A safra 2024/25 de soja consolida Mato Grosso do Sul como líder exportador, mas a irrigação, que cobre apenas 265 mil hectares dos 4,7 milhões cultiváveis (Ministério da Agricultura), segue como desafio para mitigar riscos climáticos. Na pecuária, tecnologias como rastreabilidade blockchain podem agregar valor às exportações, especialmente para o gado.
Para os produtores do estado, o momento exige planejamento estratégico. Acompanhar plataformas como Cepea, Famasul e Notícias Agrícolas será vital para decisões de venda e investimento. Com exportações aquecidas e desafios climáticos, Mato Grosso do Sul continua a ser um celeiro essencial para a segurança alimentar global.