Nos últimos dez anos, o financiamento do agronegócio brasileiro passou por uma transformação significativa, com a entrada de novas fontes privadas – como bancos, fundos de investimento e indústrias – para atender à crescente demanda por crédito. Em um setor cada vez mais tecnológico e robusto, essas alternativas têm sido cruciais para suprir a lacuna deixada pelos recursos públicos. “O crédito subsidiado, embora importante, não é suficiente para atender a demanda do mercado. Hoje, temos um agronegócio mais moderno e preparado para investir em inovação”, afirma Bruna Neri, gerente financeira da Netafim, empresa líder em soluções de irrigação.
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A irrigação destaca-se como uma tecnologia estratégica para aumentar a produtividade e garantir a segurança hídrica, especialmente em regiões como Mato Grosso do Sul, onde a agricultura é um pilar econômico. No entanto, o acesso ao financiamento para projetos de irrigação ainda enfrenta desafios. O Proirriga, principal linha de crédito subsidiado para o setor, cobre menos de 20% da demanda estimada anualmente, segundo Neri. “O mercado de irrigação tem um potencial de crescimento enorme, mas precisa de novas fontes de financiamento para se expandir. Diversificar as opções e atrair novos agentes financeiros é essencial para tornar a tecnologia mais acessível”, explica.
Para superar essas barreiras, o setor tem apostado em soluções inovadoras, como prazos de pagamento mais longos, garantias mais flexíveis e até mesmo a possibilidade de quitação em commodities, uma prática que facilita o acesso ao crédito para produtores. A Netafim, por exemplo, tem liderado esse movimento ao oferecer linhas de crédito via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e estabelecer parcerias com bancos privados. Essas condições têm impulsionado investimentos em tecnologias como a irrigação por gotejamento, que aumenta a produtividade em até 40% e reduz o desperdício de água em até 70%, segundo dados da empresa.
A evolução do financiamento também abriu portas para pequenos e médios produtores, que agora conseguem adotar sistemas modernos de irrigação. “Essas soluções permitem que agricultores de diferentes escalas invistam em tecnologias sustentáveis, garantindo maior eficiência e competitividade”, destaca Neri. Em Mato Grosso do Sul, onde a produção de grãos como soja e milho é intensiva, a irrigação tem se tornado um diferencial para mitigar os impactos de chuvas irregulares, como as observadas na safrinha de 2025.
Eventos do setor, como feiras agropecuárias e dias de campo, têm se mostrado vitais para conectar produtores a novas opções de crédito. “Durante esses encontros, percebemos uma busca crescente por soluções financeiras. Os agricultores querem entender como o crédito pode apoiar suas necessidades tecnológicas, especialmente em irrigação”, observa Neri. A expectativa é que os próximos anos tragam mais incentivos à sustentabilidade, com linhas de financiamento voltadas para práticas que combinem inovação, produtividade e preservação ambiental.
O fortalecimento do financiamento no agronegócio reflete a maturidade do setor, que busca equilibrar crescimento econômico com responsabilidade ambiental. Em Mato Grosso do Sul, onde o agronegócio responde por cerca de 30% do PIB estadual, segundo a Famasul, iniciativas como as da Netafim sinalizam um futuro promissor, com mais produtores acessando tecnologias que transformam a realidade do campo. À medida que novas fontes de crédito se consolidam, o Brasil avança para se manter como um dos líderes globais na produção agrícola sustentável.
Por Andre Estoduto – Redação Portal Guavira
