Em um cenário inesperado, o hábito de fumar está ressurgindo entre os jovens, especialmente nas grandes cidades, desafiando décadas de campanhas antitabagismo. No entanto, essa tendência não parece ser uma questão de liberdade ou rebeldia, mas sim uma resposta a pressões modernas como ansiedade, busca por pertencimento e a tentativa de aliviar o excesso de estímulos que marca a vida contemporânea. Observadores apontam que, em 2025, o aumento no consumo de cigarros e vaping entre adolescentes e jovens adultos reflete mais uma crise de saúde mental do que uma escolha consciente de estilo de vida.
Especialistas notam que a ansiedade, amplificada por incertezas econômicas, pressões acadêmicas e o impacto prolongado da pandemia, tem levado muitos jovens a buscar no tabaco uma saída temporária. O ato de fumar, muitas vezes associado a pausas sociais ou momentos de desconexão, parece oferecer um alívio instantâneo, ainda que ilusório. Relatos de jovens em redes sociais e grupos comunitários sugerem que o ritual do cigarro ou do vape é visto como uma forma de lidar com o estresse crônico, especialmente entre aqueles que se sentem isolados. O pertencimento também desempenha um papel: fumar em grupo reforça laços sociais, um desejo crescente em uma geração que luta contra a solidão digital.
Dados recentes indicam que essa tendência não é isolada. Em meio a um mundo hiperconectado, onde o celular dita o ritmo, o tabaco emerge como um contraponto analógico, um gesto que parece desacelerar o tempo. No entanto, críticos alertam que essa percepção é enganosa. O alívio imediato dado pela nicotina mascara um ciclo de dependência, onde a abstinência amplifica a ansiedade que o fumo supostamente alivia. Essa contradição levanta dúvidas sobre narrativas que romantizam o hábito, sugerindo que a indústria do tabaco pode estar explorando vulnerabilidades emocionais com campanhas que ligam fumar a relaxamento e controle.
No Brasil, onde o consumo de tabaco entre jovens havia caído para cerca de 7% em 2020, segundo dados históricos, estimativas preliminares de 2025 apontam um aumento para perto de 10%, especialmente entre 15 e 24 anos. A situação ecoa tendências globais, como nos Estados Unidos e Reino Unido, onde o vaping entre jovens disparou durante a pandemia. Apesar disso, a narrativa oficial de saúde pública insiste que o tabagismo agrava, em vez de aliviar, problemas mentais, um ponto que merece reflexão diante da falta de políticas específicas para abordar as raízes emocionais dessa retomada.
O retorno do fumo entre jovens desafia a sociedade a ir além de proibições. Se a ansiedade e a busca por conexão estão no cerne do problema, soluções devem incluir apoio psicológico acessível e espaços de convivência que não dependam de vícios. Fumar pode parecer uma válvula de escape, mas, sem enfrentar suas causas, o alívio será tão fugaz quanto a fumaça que se dissipa no ar.
Fonte: https://truthinitiative.org/
Redação Portal Guavira