Há histórias que vão muito além dos títulos e dos cargos — histórias que nascem da dor e florescem no propósito. A trajetória da advogada Maria Fernanda Balestieri, atual diretora-geral do Bioparque Pantanal, o maior aquário de água doce do mundo, é uma dessas.
O que para muitos foi apenas um desafio de gestão pública, para ela foi um recomeço de vida.
Em 2019, quando o espaço ainda era conhecido como o Aquário do Pantanal e carregava o estigma de “elefante branco”, Maria Fernanda enfrentava um dos momentos mais difíceis de sua existência. Após a morte da mãe, mergulhou em um luto profundo e em um quadro de depressão severa.
Foi nesse período que o destino a colocou diante do projeto de retomada das obras do aquário, paralisadas havia anos em Campo Grande (MS). O trabalho, que inicialmente parecia apenas uma missão profissional, se tornou o fio condutor que a trouxe de volta à vida.
“Entrar no projeto da retomada das obras do Aquário do Pantanal me trouxe vida novamente, após minha mãe falecer. Me dediquei muito a esse processo todo, desde a retomada até a conclusão das obras”, relembra, com emoção.
Do luto à liderança
Na época, Maria Fernanda era assessora jurídica da Secretaria de Infraestrutura e fazia parte da equipe técnica responsável por destravar a obra. O que ela não imaginava era que aquele trabalho seria, também, sua cura emocional.
“Atravessei um processo de depressão com a morte dela, em Dourados, e, ao vir para Campo Grande, entrei na equipe técnica que foi formada. Mergulhei de cabeça nesse desafio”, relata.
A entrega ao projeto não apenas ajudou a concretizar um dos empreendimentos mais emblemáticos do Estado, mas também devolveu à advogada o propósito que havia perdido.
Anos depois, já à frente da instituição como diretora-geral, Maria Fernanda decidiu eternizar essa jornada de superação de uma forma simbólica e tocante.
Nesta semana, ela foi a um estúdio de tatuagem em Campo Grande e gravou na pele o desenho do Bioparque Pantanal, criado pelo renomado arquiteto Ruy Ohtake. O procedimento custou R$ 600, mas o valor emocional é incalculável.
“Há uma história de superação por trás desse símbolo. Eu queria eternizar em mim esse processo todo: a retomada, a conclusão da obra, a implantação do Bioparque e os resultados que alcançamos. Foi esse trabalho que me trouxe de volta à vida depois de um processo tão difícil”, explica.
Um símbolo que representa vidas

Mais do que uma conquista profissional, o Bioparque Pantanal se tornou um símbolo de transformação, inclusão e esperança.
Para Maria Fernanda, o espaço não é apenas um empreendimento público — é um organismo vivo que pulsa por meio das pessoas e dos animais que abriga.
“Nós lidamos com vidas no Bioparque — de animais e de pessoas. Reproduzimos vidas ali, transformamos histórias por meio do trabalho de inclusão. É lindo ver que conseguimos dar uma nova roupagem a um espaço público, tornando-o um ambiente de conhecimento e experiência para todos, sem distinção”, diz, com orgulho.
A tatuagem, agora marcada para sempre em seu braço, é o lembrete do que o Bioparque representa: resiliência, fé e renascimento.
“Tem todo um valor pra mim, muito especial. É o símbolo da superação e da força que o Bioparque me deu. Ele mudou a minha vida — e continua mudando a vida de tantas outras pessoas”, conclui, emocionada.

