Zuckerberg denuncia censura e promete parceria com Trump contra interferências.
O Ministério Público Federal (MPF) decidiu intensificar sua investigação sobre a Meta, gigante das redes sociais responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp, após o anúncio de mudanças na política de checagem de fatos. A empresa substituiu o modelo tradicional, conduzido por jornalistas e especialistas, pelo sistema de “notas da comunidade”, no qual os próprios usuários avaliam a veracidade das informações.
A iniciativa, segundo o CEO Mark Zuckerberg, alinha-se a uma postura mais aberta e menos controladora, semelhante à adotada pela rede social “X”, de Elon Musk. Durante o anúncio, Zuckerberg criticou abertamente governos que, segundo ele, promovem censura nas redes sociais. “Os países da América Latina têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas derrubem coisas silenciosamente”, afirmou, embora sem mencionar diretamente o Brasil.
A declaração provocou reações no governo brasileiro. João Brant, secretário de Políticas Digitais da Presidência, interpretou o movimento como parte de uma “aliança da Meta com Trump contra nações que tentam estabelecer controle no ambiente digital”.
STF avalia impacto e prevê embates
Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, que desobriga plataformas de serem responsabilizadas por conteúdos de terceiros. Especialistas apontam que o STF pode revisar essa regra, o que tornaria as empresas mais vulneráveis a sanções judiciais por publicações de usuários.
Nos bastidores, ministros do Supremo avaliam que as mudanças anunciadas pela Meta, inicialmente aplicadas apenas nos Estados Unidos, podem gerar um novo confronto semelhante ao ocorrido com Elon Musk e sua rede social “X” no ano passado. À época, a disputa levou à suspensão temporária da plataforma no Brasil.
Aliança com Trump e liberdade de expressão
Mark Zuckerberg declarou que pretende trabalhar junto ao governo de Donald Trump, o próximo presidente dos Estados Unidos, para combater o que chamou de “pressões internacionais por mais censura”. “Os EUA têm as proteções constitucionais mais fortes do mundo para a liberdade de expressão, e nós vamos defender isso”, afirmou.
Trump, por sua vez, elogiou a mudança na política da Meta, associando-a às ameaças que fez anteriormente contra a empresa, acusada de censurar conteúdos conservadores. Em entrevista, o republicano reforçou seu compromisso de garantir que plataformas americanas não sejam “instrumentos de controle estatal” de outros países.
Com a nova abordagem da Meta, a discussão sobre os limites entre liberdade de expressão e responsabilidade digital ganha força, colocando em lados opostos aqueles que defendem uma internet sem censura e os que pedem mais controle sobre as redes sociais.