Enquanto o Brasil se consolida como um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, o estado americano de Nebraska oferece lições valiosas que podem inspirar a pecuária brasileira a elevar ainda mais sua produtividade. Com apenas um quinto do rebanho de Mato Grosso — cerca de 6,5 milhões de cabeças contra os 30 milhões do estado brasileiro —, Nebraska produz anualmente uma quantidade comparável de carne, destacando-se por uma abordagem intensiva e orientada por dados. A diferença não está apenas no volume, mas na eficiência, e o segredo reside em práticas como gestão baseada em dados, confinamento em larga escala, nutrição precisa e foco absoluto em resultados.
Nos Estados Unidos, Nebraska é um líder na pecuária intensiva, utilizando feedlots que concentram milhares de animais em espaços controlados. Esses confinamentos, combinados com tecnologias de monitoramento em tempo real, permitem ajustar a alimentação e o manejo com precisão, otimizando o ganho de peso e reduzindo o tempo até o abate — muitas vezes em menos de 18 meses, contra os 36 meses médios no Brasil. A nutrição é planejada com base em análises detalhadas de ração, garantindo que cada animal receba o equilíbrio exato de nutrientes. Dados do setor mostram que essa estratégia eleva a produtividade por hectare, algo que o Brasil, com seu vasto pasto, ainda explora de forma menos intensiva.
Por outro lado, o modelo brasileiro tem suas próprias forças. A produção a pasto, predominante no país, oferece uma carne considerada mais natural, sustentável e acessível, especialmente em mercados que valorizam sistemas extensivos. Mato Grosso, por exemplo, lidera com 21 milhões de hectares de pastagens, muitas delas integradas a sistemas como o Integrated Crop-Livestock-Forestry (ICLF), que equilibram produtividade e preservação ambiental. Estudos indicam que essas práticas reduzem emissões de carbono por quilo de carne em comparação com sistemas intensivos, além de atender a uma demanda global por alimentos menos processados. Em 2024, o Brasil exportou 2,49 milhões de toneladas de carne bovina, com destaque para mercados como China e Arábia Saudita, reforçando a viabilidade do modelo pastoril.
O ponto não é copiar Nebraska, mas aprender com sua eficiência. A gestão orientada por dados, por exemplo, pode ser adaptada ao Brasil, integrando tecnologias de monitoramento a pastagens para otimizar o uso da terra e reduzir áreas degradadas. Nutrição precisa já é testada em projetos como o “Novilho Precoce MS”, que incentiva abates mais precoces com qualidade superior. Já o confinamento em larga escala pode ser explorado em regiões específicas, como o Centro-Oeste, sem abandonar a vocação pastoril. A chave está em adaptar o que faz sentido, valorizando o que o Brasil já faz bem — como a sustentabilidade de suas pastagens e a escala de produção.
O diálogo entre os modelos americano e brasileiro sinaliza um futuro promissor. Nebraska ensina a priorizar resultados com tecnologia; o Brasil mostra que a natureza pode ser aliada da produtividade. Juntos, esses aprendizados podem moldar uma pecuária brasileira ainda mais competitiva e consciente, orgulhosa de sua identidade e aberta à inovação.
Fonte: https://www.beefcentral.com/
Redação Portal Guavira