sexta-feira, 27 junho, 2025
HomeSAÚDERobô da Sony costura grão de milho com precisão inédita: o futuro...

Robô da Sony costura grão de milho com precisão inédita: o futuro da medicina em debate

Um robô de microcirurgia desenvolvido pela Sony realizou uma façanha impressionante: suturou um grão de milho com uma precisão que supera a capacidade da mão humana. Equipado com câmeras 3D 4K e movimentos que replicam a delicadeza do pulso humano, o protótipo é capaz de operar em estruturas menores que 1 milímetro, como nervos e vasos sanguíneos. A demonstração, apresentada pela primeira vez em maio de 2024 na Conferência Internacional de Robótica e Automação (ICRA) em Yokohama, Japão, e testada com sucesso em animais na Universidade Médica de Aichi, sinaliza uma revolução na medicina. Mas também levanta uma questão crucial: a inteligência artificial (IA) está democratizando o acesso à saúde ou automatizando demais a vida?

A Tecnologia por Trás do Feito

O robô da Sony, ainda em fase de protótipo, foi projetado para a supermicrocirurgia, um campo que exige precisão extrema em procedimentos como anastomoses vasculares – a conexão de vasos sanguíneos minúsculos, essencial em transplantes e reconstruções. Tradicionalmente, essas operações dependem de microscópios e da habilidade de cirurgiões altamente especializados, um recurso escasso. “Tais operações exigem altos níveis de habilidade e só podem ser realizadas por um número limitado de médicos,” explica a Sony em comunicado.

O dispositivo da Sony opera por teleoperação: o cirurgião controla o robô remotamente usando um console com “canetas” sensíveis à pressão, enquanto câmeras 3D 4K e telas OLED fornecem uma visão ampliada e tridimensional do campo cirúrgico. O robô replica movimentos com baixa latência, eliminando tremores humanos e permitindo suturas em estruturas de 0,3 a 0,8 milímetros. Um recurso inovador é a troca automática de instrumentos – como agulhas, tesouras e pinças – em segundos, agilizando os procedimentos. Em testes na Universidade Médica de Aichi em fevereiro de 2024, o robô auxiliou em microcirurgias em animais, com resultados promissores, segundo os pesquisadores.

A demonstração mais marcante ocorreu ao suturar um grão de milho. O robô executou cortes e pontos minúsculos, alternando instrumentos com precisão, um feito que demonstra sua capacidade de operar em escalas quase inimagináveis para a mão humana. A Dra. Hisako Hara, que testou o equipamento, relatou: “Parece uma assimilação entre mim e o robô, com ele se movendo como as pontas dos meus dedos.”

Impactos na Medicina

A tecnologia da Sony promete transformar a medicina ao ampliar o acesso a procedimentos complexos. Em Mato Grosso do Sul, onde o agronegócio impulsiona a economia, mas o acesso a especialistas é limitado em áreas rurais – apenas 60% das propriedades têm internet, segundo a Famasul –, robôs como esse podem permitir telecirurgias, conectando médicos especialistas a pacientes remotos. Na saúde global, a automação pode reduzir custos e complicações. Procedimentos mais precisos diminuem riscos de infecções e aceleram a recuperação, o que pode aliviar sistemas de saúde sobrecarregados, como o SUS, que atende 70% da população brasileira, segundo o IBGE.

Além disso, o robô pode democratizar habilidades cirúrgicas. Testes na Universidade Médica de Aichi mostraram que médicos novatos conseguiram realizar microcirurgias com a mesma eficácia de especialistas, graças ao controle preciso do robô. Isso pode aliviar a escassez global de cirurgiões especializados, um problema agravado pelo envelhecimento da população, conforme destacado na ICRA 2024.

Democratização ou Automação Excessiva?

A introdução de IA e robótica na medicina levanta debates éticos e práticos. Por um lado, a tecnologia pode democratizar o acesso à saúde, permitindo que mais pacientes se beneficiem de cirurgias de alta precisão. Seguradoras de saúde, por exemplo, podem reduzir custos com complicações pós-operatórias, oferecendo prêmios mais acessíveis, como apontado pela InsurTalks. A capacidade de documentar cirurgias com vídeos 4K também aumenta a transparência em sinistros, combatendo fraudes.

Por outro lado, a automação excessiva preocupa especialistas. A IA pode executar tarefas repetitivas, como suturas, mas o que acontece em cenários imprevistos? Casos documentados de erros em registros médicos gerados por IA, como apontado pelo Mundo Conectado, mostram que a tecnologia não é infalível. Em 2017, um Tesla em piloto automático causou uma fatalidade, um lembrete de que a confiança cega na automação pode ser perigosa. Na medicina, onde vidas estão em jogo, a ausência de supervisão humana pode levar a erros catastróficos.

Outro ponto de tensão é o impacto no trabalho médico. Embora o robô da Sony seja uma ferramenta de teleoperação, a evolução para sistemas mais autônomos, como o STAR (Smart Tissue Autonomous Robot), que já realiza cirurgias em animais sem intervenção direta, pode reduzir o papel dos cirurgiões a meros supervisores. Isso levanta questões éticas sobre responsabilidade: quem será culpado em caso de erro – o médico, o fabricante ou o hospital?

Implicações para o Futuro

O avanço da Sony é um marco na integração de IA e robótica na medicina, mas também um convite à reflexão. Em Mato Grosso do Sul, onde a saúde pública enfrenta desafios como a falta de especialistas – apenas 1,8 médicos por mil habitantes, contra a média nacional de 2,4 (IBGE) –, a tecnologia pode ser uma solução, desde que acompanhada de investimentos em infraestrutura, como expansão de internet rural.

Globalmente, a IA na medicina deve ser equilibrada com regulamentações rigorosas. A ausência de sistemas de visão que rastreiem tecidos em ambientes dinâmicos e a falta de algoritmos para tarefas complexas, como apontado pela Academia Médica, são limitações atuais. Além disso, a dependência de conectividade para telecirurgias expõe vulnerabilidades, como quedas de internet, que podem interromper procedimentos.

Um Futuro Equilibrado

O robô de microcirurgia da Sony é um vislumbre do potencial transformador da IA na medicina, mas também um alerta sobre os riscos da automação desenfreada. Democratizar o acesso a cuidados de saúde é um objetivo nobre, mas exige um equilíbrio entre inovação e supervisão humana. Para os 2,7 milhões de habitantes de Mato Grosso do Sul e bilhões ao redor do mundo, o futuro da medicina dependerá de como usarmos a tecnologia para ampliar habilidades humanas, sem substituir o julgamento e a empatia que só os médicos podem oferecer.

Veja o vídeo: https://www.instagram.com/p/DIwe47hRlSK/

Por Andre Estoduto – Redação Portal Guavira

spot_img

Ultimas Notícias