A Santa Casa de Campo Grande voltou a acender o alerta na rede de saúde ao anunciar o risco iminente de fechamento do setor de ortopedia diante de um cenário descrito pela direção técnica como de “colapso”. Documento interno, divulgado na sexta-feira (5), relata superlotação crônica, falta de leitos e impossibilidade de manter a assistência dentro de parâmetros mínimos de segurança para pacientes e equipes.
Superlotação e risco à assistência
O relato da diretoria aponta que a pré-ortopedia e áreas correlatas vêm operando muito acima da capacidade, com dezenas de pacientes aguardando cirurgias de urgência e internações em macas e corredores. A situação é agravada por limitações estruturais e contratuais, que impedem a ampliação imediata de leitos e equipes e elevam o risco de desassistência, atrasos em procedimentos e agravamento de quadros clínicos.
Crise financeira e contratos em desequilíbrio
Além da superlotação, a Santa Casa enfrenta forte pressão financeira, com atrasos no pagamento de médicos e prestadores de serviço e dívida milionária apontada em diferentes manifestações da gestão hospitalar. A instituição alega desequilíbrio no contrato com o município, defasagem de repasses e necessidade de recomposição urgente de valores para evitar a paralisação de serviços essenciais, incluindo as cirurgias ortopédicas.
Impacto na rede de saúde pública
Como hospital de referência em alta complexidade, a Santa Casa concentra grande parte da demanda ortopédica de Campo Grande e do interior, especialmente casos de trauma e politrauma encaminhados via regulação. O eventual fechamento da ortopedia ou interrupção do pronto-atendimento nessa área pressionaria outros serviços do SUS, exigindo redistribuição de pacientes e resposta articulada de gestores municipais e estaduais para evitar colapso mais amplo da rede.
Cobrança por soluções dos gestores públicos
Diante do quadro, a direção técnica sustenta que as medidas de restrição e os alertas fazem parte de sua responsabilidade ética e legal de zelar pela segurança dos pacientes e profissionais, pedindo providências rápidas dos entes públicos contratantes. Órgãos de controle, Ministério Público e autoridades sanitárias já acompanham a situação, que se tornou recorrente em 2024 e 2025, com sucessivos episódios de superlotação, suspensão de atendimentos eletivos e ameaça à continuidade de serviços estratégicos.

