sexta-feira, 27 junho, 2025
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Startup SpAItial capta US$13 milhões para criar mundos 3D com IA

O universo da inteligência artificial, já populado por modelos capazes de criar imagens realistas a partir de texto, como os da OpenAI e o Stable Diffusion, está prestes a testemunhar uma nova revolução: a geração de ambientes 3D completos e coerentes através de simples comandos textuais. Embora incipiente, essa tecnologia avança rapidamente, e a Europa vê surgir um novo protagonista nesta corrida: a SpAItial.

A visão e o financiamento da SpAItial

Fundada por Matthias Niessner, um dos mais proeminentes pesquisadores europeus em modelos 3D e IA, que tirou uma licença de seu laboratório de computação visual e IA na Universidade Técnica de Munique, a SpAItial já nasce com força. Niessner, anteriormente cofundador da Synthesia – a startup de avatares realistas de IA avaliada em US$2.1 bilhões – garantiu um investimento semente de impressionantes US$13 milhões para a SpAItial. A rodada foi liderada pela Earlybird Venture Capital, com participação da Speedinvest e diversos investidores anjo de alto perfil. Este montante é notável, especialmente considerando que a startup, por enquanto, apresentou ao mundo principalmente um vídeo teaser demonstrando a geração de um quarto 3D a partir de texto.

Uma equipe de estrelas para um desafio gigante

O que sustenta tamanha confiança dos investidores é, sem dúvida, a equipe técnica reunida por Niessner. Entre eles estão Ricardo Martin-Brualla, que trabalhou na plataforma de teleconferência 3D do Google (agora chamada Beam), e David Novotny, que passou seis anos na Meta liderando o projeto de geração de ativos 3D a partir de texto da empresa. A expertise combinada deste time os coloca em boa posição para competir num espaço que, embora novo, já conta com outros players.

O futuro interativo dos mundos 3D gerados por IA

Enquanto modelos de IA para imagens como o da OpenAI e o Stable Diffusion são abundantes, aqueles capazes de gerar ambientes 3D completos e coesos a partir de texto estão apenas começando a surgir. A SpAItial não quer apenas gerar mundos 3D estáticos. “Eu não quero apenas ter um mundo 3D. Eu também quero que este mundo se comporte como o mundo real. Quero que seja interativo e [permita que você] faça coisas nele, e ninguém realmente resolveu isso ainda,” disse Niessner. A expectativa é que esses modelos se tornem amplamente disponíveis em breve, transformando a maneira como interagimos com o conteúdo digital.

A SpAItial não está sozinha. Concorrentes como a Odyssey, que levantou US$27 milhões com foco em entretenimento, e a World Labs, fundada pela pioneira em IA Fei-Fei Li e já avaliada em mais de US$1 bilhão, também exploram este terreno. No entanto, Niessner acredita que a competição ainda é pequena em comparação com outros tipos de modelos de fundação e, especialmente, em relação à “visão maior” que ele e outros perseguem, focada na interatividade e no realismo comportamental desses ambientes.

Aplicações potenciais e estratégia de mercado

A demanda por ambientes 3D fotorrealistas ainda está se definindo, mas a promessa de uma oportunidade de “trilhões de dólares”, abrangendo de gêmeos digitais a realidade aumentada, anima os investidores. Os casos de uso mais óbvios incluem a criação de video games, mas os modelos também podem ter aplicações em entretenimento, visualizações 3D para construção e, eventualmente, no mundo real para áreas como treinamento de robôs. Niessner planeja contornar a indefinição do mercado licenciando o modelo de fundação para que desenvolvedores criem aplicações específicas. Para auxiliar no lado comercial, ele recrutou um quarto cofundador, o ex-executivo da Cazoo, Luke Rogers.

Desafios e próximos passos: rumo à receita e realismo

A SpAItial colocou a receita como uma prioridade relativamente alta em sua agenda, mas primeiro precisará investir em computação e contratações, focando em qualidade, não quantidade. O objetivo é gerar espaços 3D maiores e mais interativos, onde, por exemplo, um copo possa se estilhaçar realisticamente. Isso poderia desbloquear o que Niessner chama de “Santo Graal”: que uma criança de 10 anos possa digitar um texto e criar seu próprio video game em 10 minutos. Curiosamente, ele considera essa meta ambiciosa mais alcançável do que a criação de objetos 3D individuais para plataformas de jogos, que geralmente controlam estritamente o conteúdo de terceiros. O próximo capítulo na geração 3D está apenas começando, e a SpAItial pode estar na vanguarda dessa transformação, possivelmente até redefinindo ferramentas como o CAD no futuro.

Texto: Filippe Sims

Fonte: https://iafeed.com/spaitial-desafia-limites-da-ia-startup-capta-us13-milhoes-para-criar-mundos-3d-a-partir-de-texto/

Redação Portal Guavira

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